Lucas Buk Cardoso, Vanderlei Cunha Parro, Stela Verzinhasse Peres, Maria Paula Curado, Gisele Aparecida Fernandes, Victor Wünsch Filho & Tatiana Natasha Toporcov
A análise da sobrevida de pacientes com câncer é fundamental para o planejamento e avaliação dos serviços de saúde. Além disso, a identificação e validação de fatores prognósticos são importantes para orientar o protocolo de tratamento.
Estudos epidemiológicos têm utilizado modelos estatísticos, baseados em preditores pré-estabelecidos para o prognóstico de sobrevida em pacientes com câncer colorretal (CCR). Tais técnicas apresentam limitações relacionadas à adaptação de modelos, mudanças na realidade e potencial redução da acurácia ao longo do tempo. Os modelos estatísticos mais comuns são lineares e partem de descrições explícitas das relações entre os dados. Atualmente, a inteligência artificial (IA) vem colaborando no diagnóstico de diversas doenças 2,3 e na avaliação de sobrevida, a técnica de aprendizado de máquina, aplicativo baseado em dados de inteligência artificial, em que os sistemas aprendem e se aprimoram automaticamente sem programação explícita, tem tem sido utilizada na busca de uma avaliação que demande menos recursos humanos, possivelmente mais acurada e perene de sobrevivência. São rápida e facilmente adaptáveis a novas realidades e seu uso foi testado em estudos sobre o câncer.
Uma vez que os modelos que utilizam aprendizado de máquina não fornecem estrutura e parâmetros de forma explícita e facilmente interpretável, torna-se crucial testar seu uso e sua precisão com dados reais. Nos últimos anos, dados de registro de câncer, como o US Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER), têm sido usados para prever mortalidade ou sobrevivência nos EUA usando inteligência artificial.
O câncer colorretal (CCR) está entre os dez mais incidentes no mundo. Estima-se que aproximadamente 10% dos casos de câncer no mundo em 2020 serão de cólon ou reto, correspondendo a aproximadamente 1,8 milhão de novos casos anualmente, com tendência crescente em ambos os sexos. No Brasil, são estimados cerca de 41 mil novos casos entre 2020 e 2022. O Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo (RHC-SP), sediado na Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo (FOSP), abrange uma população de aproximadamente 30 milhão de habitantes, com 33.000 casos de câncer colorretal, configurando uma oportunidade única para a realização de estudos de predição de mortalidade ou sobrevida para pacientes brasileiros. O objetivo do presente estudo é avaliar e comparar a validade de três algoritmos de inteligência artificial para prever a sobrevida de pacientes com CCR tratados em São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, de 2000 a 2021, com base em dados do RHC- SP.